Monthly Archives: maio 2021

Salvador Dali, o Surrealismo e o que isso tem a ver comigo
   29 de maio de 2021   │     21:06  │  0

Tapioquinha de siri com suas tintas comestíveis. Prato inspirado no artista alagoano Delson Uchoa

Eu sempre tive uma ligação muito forte com a arte. A ideia de ser provocado e poder provocar outras pessoas a partir de uma criação pessoal até hoje me parece ser uma das coisas mais sublimes capazes de ser feitas pelos seres humanos.

Quando vivi em Barcelona, morei por anos a poucos minutos do Teatro-Museu Dalí, em Figueres e uma das obras/instalações – um sofá em formato de boca – me chamava especificamente a atenção e sempre que eu tinha oportunidade, voltava ao Museu para rever. Ok, agora corta pra o Brasil, Alagoas.

Ao imaginar o meu próprio negócio e buscar por aquilo que poderia ser capaz de definir o meu “DNA” na cozinha, foi inevitável o “reencontro”.

Veja bem: o Surrealismo, ao enfatizar o inconsciente das atividades criativas, demonstra uma capacidade gigantesca de pegar algo que poderia ser considerado comum e transformá-lo, provocando percepções totalmente diferentes em quem as vê sob aquela nova ótica. Foi dessa proposta que o Sur nasceu. E não só no nome. Apesar de semanticamente ele derivar de Sururu.

Meu modo de trabalhar na cozinha é unindo Gastronomia e a Arte, através de uma comida contemporânea e de fusão das raízes nordestinas e técnicas diversas. No trabalho de desconstruir e propor novos modos de perceber esses ingredientes, surgem pratos inusitados. Daí, cada prato se torna uma experiência única, justamente porque provoca sensações e reações diferentes em cada pessoa que o prova, a partir das experiências que ela mesma já carrega.

Hoje, isso tem se estendido a todos os meus restaurantes e se reflete, também, nos cardápios que assino para estabelecimentos de todo o país. É a Arte, através da Gastronomia, que me expressa, me salva e me move todos os dias.

 

Tradição e versatilidade: um mergulho no universo da tapioca
   15 de maio de 2021   │     11:11  │  0

A relação que o nordestino tem com a macaxeira é mesmo de se admirar. Essa raiz, tão brasileira quanto se pode ser, chegou às nossas mesas e se transformou em pratos diversos e saborosos.

Me arrisco a dizer que, em Alagoas, não há uma pessoa que nunca tenha provado alguma receita que leve esse ingrediente tão especial. No interior, então, é ainda mais comum encontrar quem, até hoje, a cultive e tire dela a sua sobrevivência.

Imagem retirada do documentário Projeto Samburá

Seja cozida, frita, como purê, transformada na boa farinha cantada pelo mestre Djavan ou nas tapiocas vendidas pelos quatro cantos do estado, nela tudo se aproveita. Macaxeira, como dizem, é símbolo de resistência.

Dessa diversidade toda, uma das minhas receitas preferidas é a de tapioca. As panquequinhas feitas a partir da goma da mandioca, inicialmente servidas apenas com o recheio de coco fresco ralado, hoje se diversificaram e adquiriram novos sabores, graças às combinações feitas com outros ingredientes da nossa terra e à criatividade da nossa gente.

Vivendo em Milagres eu tive a oportunidade de experimentar algumas das melhores tapiocas que já vi na vida e, nesse ranking, a Tapioca da Elisângela com certeza tem lugar privilegiado – a de lagosta com queijo coalho e cebolinha está entre as minhas preferidas, assim como a de doce de leite com farofa de castanha e banana. Quando você for à São Miguel dos Milagres, não deixe de conhecer.

Mas e aí, quer aprender a fazer uma tapioca deliciosa aí na sua casa? É fácil!

Peneire a goma bem fininha até fazer renda nas pontas, como no vídeo, e recheie com o que você mais gosta. Vale de tudo: de doce de leite à carne do sol ou o clássico queijo e ovo.

 

 

Sobre realizar sonhos e a minha participação no Mestre do Sabor
   6 de maio de 2021   │     18:54  │  0

Hoje começa a nova temporada do Mestre do Sabor, reality da Globo do qual eu fui finalista. Parei pra pensar nisso e fiquei relembrando a minha trajetória de lá até aqui. Quando eu entrei no programa, sabia exatamente o que queria: levar a gastronomia de Alagoas pra o Brasil e (por que não dizer?) pra o mundo.

Eu queria mostrar a nossa alegria, nosso tempero cheio de carinho, os sabores que temos aqui, e a referência da minha avó, que é tão importante na minha vida. Por isso, inclusive, eu escolhi fazer a tapioquinha de siri com as tintas comestíveis. Por ela representar tão bem o meu lugar em todos os sentidos. E hoje, olhando pra trás, sinto que consegui fazer tudo o que me propus e fico muito feliz. Eu realizei um sonho!

Imagine só poder fazer aquilo que você mais ama com tanta gente querida te vendo e te dando suporte? E ainda conheci grandes cozinheiros que estavam ali na competição comigo, além de ter cozinhado com Claude Troisgros, uma referência tão grande na minha vida inteira. Vi o orgulho da minha família vibrando por mim a cada momento, conheci novas pessoas e fiz amigos que com toda certeza vou levar pra minha vida toda. Eu realmente só tenho a agradecer!

Além de tudo isso, desde que saí do programa, a minha vida mudou de formas que eu também não podia imaginar. O Sur, meu restaurante, encontrou novos caminhos e hoje soma três braços, com propostas diferentes, espalhadas pela Rota Ecológica de Milagres, o Sur, o Sur Burguer e o Na Roça de Milagres. Além de todo o carinho e atenção de pessoas do país inteiro, que se identificaram com minha história e atravessam o país para provar nossos sabores.

Às vezes acontecem coisas na vida que a princípio não parecem ter um porquê. Mas a verdade é que tudo contribui pra nossa evolução, pra gente ser alguém melhor e chegar naquilo que nos espera lá na frente. Hoje, mais do que nunca, eu acredito demais nisso.

Por isso, quero terminar esse pequeno #tbt em forma de texto lembrando a você de que vale a pena lutar pelos seus sonhos e persistir naquilo que você acredita e que faz o seu coração bater mais forte. É só se cercar de quem te apoia e seguir em frente. Vai valer a pena.

 

Saiba qual a minha pedida no Santo Burguer
   1 de maio de 2021   │     13:47  │  1

 

Tive a alegria de visitar o meu amigo Henrique Amorim pra mostrar a vocês a minha pedida no Santo Burguer: o Aleluia. Eita sanduíche bom! O burger de blend bovino, creme de queijo gorgonzola e onion rings, acompanha a inconfundível maionese da casa, sempre fresca e deliciosa.

Uma dica para saborear com uma ótima experiência, é dar a primeira mordida antes de colocar maionese, mostarda ou ketchup. Isso porque os sanduíches são cuidadosamente pensados em harmonizações de ingredientes que se complementam e ressaltam uns aos outros, como no caso do creme de gorgonzola e a maionese de ervas, que para o meu gosto, dispensa qualquer intervenção de outros molhos. O que me faz lembrar do barbecue de cajú que era um dos destaques do sanduíche especial que fiz a convite de Henrique no que ele chamou de “Santo Burguer Expecience”.

Além de compartilhar com Henrique a paixão por lanches, temos também um lugar em comum, no qual sou suspeito para falar: São Miguel dos Milagres. Foi no paraíso, no verão de 2014, que a galera testou com o público os sanduíches até então feitos apenas para os amigos. O resultado foi que venderam 1200 hambúrgueres em 7 dias e o que era uma experiência virou um lugar que faz parte da rota de qualquer pessoa que visite Maceió.

E como é de lei, vou trazer pra vocês uma receitinha especial: onion rings. Vamos cozinhar? Anota aí:

Ingredientes

– Farinha de Trigo
– Farinha Panko
– Leite
– Cebola

 Instruções

– Descasque e corte as cebolas com no mínimo 1cm de largura. Separe os anéis com cuidado.
– Deixe de molho na água por 1 hora. Isto vai retirar a acidez.
– Empane seguindo a sequência:

1 – Leite

2 – Farinha de Trigo

3 – Leite

4 – Farinha Panko

5 – Leite

6 – Farinha Panko

7 – Frite e coloque sobre papel absorvente.

Que desfrutem!