Monthly Archives: fevereiro 2021

Carne de sol: de método de conservação à iguaria nordestina
   25 de fevereiro de 2021   │     19:23  │  1

Hoje eu vou falar pra vocês sobre mais uma iguaria que surgiu há séculos e faz parte da nossa história, a carne de sol. Tradicionalmente vinculada a cidade de Picuí, na Paraíba, considerada a capital mundial da carne de sol, ela também é muito consumida em Alagoas. Ela vai bem na chapa com manteiga de garrafa, no escondidinho com macaxeira ou na nata.

A técnica de secar partes dos animais ao sol para manter a conservação para o consumo foi bastante comum em diversas partes do mundo. Ao mesmo tempo, os portugueses tinham o hábito de conservar os alimentos com sal. Da união dessas duas técnicas, surgiu a carne de sol.

Centenas de anos depois, a carne de sol não é mais levada ao sol, como antes. Além do sal, a carne é submetida à temperatura gelada e depois passa por um processo de secagem. O sabor é diferente daquele de antigamente, mas ainda é delicioso.

Vamos aprender a fazer uma tapioca maravilhosa, rendada, com carne de sol na nata? Pega a receitinha e não esquece de me contar o que achou!

Receitinha: Tapioca rendada com carne de sol na nata

Ingredientes:

  • Carne de sol
  • manteiga de garrafa
  • cebola roxa
  • cebolinha
  • creme de leite
  • queijo coalho
  • goma de tapioca
Passo 1:

Na frigideira adicione a manteiga de garrafa, a carne de sol e a cebola roxa. Espere dourar. Adicione o creme de leite e apague o fogo. Adicione a cebolinha.

Passo 2:

Em outra frigideira adicione o queijo coalho ralado e deixe derreter um pouco. Adicione a goma de tapioca peneirada, vire o lado, adicione o recheio e corte ao meio.

Que desfrutem!

 

Crepioca de doce de leite: uma sobremesa deliciosa em apenas alguns minutos
   20 de fevereiro de 2021   │     14:01  │  0

Quem me conhece sabe que eu sou uma formiguinha. Adoro um doce! Se você é daqueles que também gosta de sobremesa, mas não abre mão da praticidade, vai adorar essa receita.

A crepioca de doce de leite é uma prova de que muitas vezes na cozinha, menos é mais. Simples e rápida, essa sobremesa vai superar as suas expectativas. Confere a receita e não esquece de comentar o que achou!
Rendimento: 1 unidade

Ingredientes:

1/2 copo de leite
1 ovo
1 pitada de sal
1 colher de massa de tapioca
5 castanhas
2 colheres de doce de leite
1 pitada de canela em pó

Preparo:

  1. Passo 1: Em uma tigela, acrescente: leite, ovo, sal e massa de tapioca. Misture tudo até formar um líquido homogêneo.
  2. Em seguida, coloque uma colher de manteiga em uma frigideira antiaderente, quando a manteiga derreter por completo, acrescente o líquido. Espere alguns segundos até que asse um lado e vire a crepioca, esperando mais alguns segundos até que o outro lado também asse completamente.
  3. Retire do fogo, e acrescente 2 colheres de doce de leite. Agora é só fechar a crepioca.
  4. Triture as castanhas e leve ao microondas por 30 segundos.
  5. Acrescente as castanhas em cima da crepioca.
  6. Finalize o prato com uma pitada de canela em pó.

Agora é só aproveitar!

 

Vida longa ao Novo Palato
   17 de fevereiro de 2021   │     10:06  │  0

Mais que empreender, existem pessoas que enxergam potencial em um lugar e investem vislumbrando um futuro diferente naquele local. É como aquele provérbio chinês que diz “todas as flores do futuro estão nas sementes de hoje”.

Considero o Sur uma dessas flores germinadas lá atrás com a chegada do Palato em Maceió. Não haveria Sur se não houvesse a oferta de todos os ingredientes que o Palato nos proporciona. Talvez também não houvesse o público do Sur, pessoas que, por causa do Palato, tiveram contato cotidiano com ingredientes antes inexistentes em Maceió.

Formar um público não é tarefa fácil. Quem empreende, sabe. Manter esse público fiel ao longo dos anos, preservando a qualidade e garantindo inovação, é ainda mais difícil. É por isso que a gastronomia alagoana agradece e deseja vida longa ao Palato!

O queijo do Reino
   9 de fevereiro de 2021   │     19:51  │  1

É curioso pensar como a história que envolve o transporte dos queijos acabou transformando o próprio conteúdo deles e criou, despretensiosamente, dois dos mais apreciados queijos do Brasil, o queijo de coalho e o queijo do reino.

Hoje vou falar sobre esse que é um queijo considerado sofisticado, consumido pela maior parte da população em datas especiais, como o Natal, e que tem uma história muito conectada ao Brasil colonial.

Produzido originalmente na Europa como queijo Edan, esse queridinho do Natal brasileiro mudou de consistência, sabor e nome ao cruzar o Atlântico. Aí você me pergunta, mas como assim, Serginho? Deixa eu te explicar… É que o queijo Edam era transportado pela família real em barris que antes tinham armazenado vinho. Por isso, o queijo ganhava uma crosta vermelha.

Além disso, o queijo passava meses dentro dos barris, o que acabava mudando também a sua consistência. Ao final desse processo, quando desembarcava no Brasil, o queijo estava bem diferente e passava a ser chamado de queijo “do reino”.

Raro e bastante caro, o queijo do reino era um produto de luxo, usado pela família real em ocasiões especiais e para presentear pessoas muito queridas.

Hoje, tantos anos depois, o queijo do reino é produzido no Brasil. Seu processo de produção é artesanal e leva meses de maturação. Bora de receitinha especial e super fácil com esse queijo tão especial?

RECEITINHA: Chips de queijo do reino

O que você precisa:

– Ralador
– Queijo do Reino

  • Passo 1: Rale o queijo bem fino
  • Passo 2: Espalhe em um prato sem amontoar
  • Passo 3: Coloque no microondas por 30s e depois por mais 30s.

Formou bolinhas? Está pronto para servir como couvert ou para finalizar pratos.

Que desfrutem!

Carpaccio de polvo Piccola Villa
   6 de fevereiro de 2021   │     17:30  │  0

O carpaccio é uma iguaria originalmente feita com carne de boi que ganhou versões com diversos ingredientes, mas sempre preservando sua característica principal: as finíssimas fatias.

O prato foi criado na década de 50, pelo restauranteur Giuseppe Cipriani, em Veneza, e desde então se tornou um sucesso ao redor do mundo.

O prato é leve e refrescante, e ficou ainda mais especial na versão criada pelo chef Roberto Macias, do Piccola Vila. Beto é um daqueles talentos indiscutíveis, que comanda, junto com Suzanna Fontan, a especial cantina Piccola Villa.

No carpaccio da Picolla tem lâminas de polvo servidas com molho aioli, redução de balsâmico, raspas de limão siciliano, flor de sal, hortelã e azeite. Deu pra sentir a maravilha? Eu visitei eles para mostrar a vocês esse que é um dos meus pratos preferidos da gastronomia feita em Alagoas.

Dá o play no vídeo pra sentir o gostinho e confere essa receita especial, que o Beto compartilhou com a gente.

 

Receita: Carpaccio de polvo Piccola Villa

  • Passo 1:

Coloque o polvo numa panela. Leve ao fogo e deixe cozinhar em fogo médio, com a panela semi tampada, durante 40 minutos. Retire o polvo da panela e deixe arrefecer.

  • Passo 2:

Corte as pernas de polvo de modo a ficarem uniformes. Una-as em película aderente e forme um rolo. Leve ao congelador durante quatro horas ou de um dia para o outro.

  • Passo 3:

Retire a película aderente e corte o polvo congelado em fatias finas.

  • Passo 4:

Regue o polvo com azeite, raspas de limão siciliano, sal e alecrim

A importância do queijo coalho na cultura nordestina
   2 de fevereiro de 2021   │     14:04  │  3

Assado na brasa, frito, na sobremesa com goiabada ou melaço. Ele faz sucesso de todos os jeitos. A fama do queijo coalho é tão grande quanto sua importância para gastronomia nordestina.

O historiador Luís Câmara Cascudo diz que a fabricação do queijo no Nordeste iniciou com as primeiras fazendas nos sertões, ou seja, o queijo coalho é produzido há mais de 150 anos. Os registros indicam que tudo começou com o malutão, uma bolsa feita do estômago de animais em que os viajantes guardavam o leite. Com as longas e quentes jornadas, o leite coagulava, formando uma massa espessa, que deu origem ao queijo de coalho.

É por isso que o queijo de coalho faz parte da nossa história. É como pensar no churrasco para o gaúcho ou no acarajé para o baiano. E o mais legal disso, é pensar nesses alimentos como modos de expressão da cultura.

Ou seja, quem conhece o queijo coalho está conhecendo a cultura nordestina. Foi o que aconteceu, em 2015, com John Oseid,  jornalista da Forbes que visitou o Sur e estampou nosso carpaccio do queijo na revista com destaque.

Na época, John escreveu: “Os muitos estados menores do Brasil que compõem o Nordeste têm suas próprias culturas e culinária, mas compartilham o amor por coisas como macaxeira, manteiga de garrafa, e, claro, maracujá e coco. O queijo de coalho, aprendi em muitos bufês de café da manhã de hotéis, é uma especialidade nordestina”.

Para ele, o modo como o queijo coalho foi servido na ocasião da visita demonstrava “o aceno para a arte” da nossa gastronomia. O que me deixou muito honrado, porque arte, gastronomia e nordeste são mesmo um trio imbatível e que valorizo muito. É como trio de forró pé de serra, o sucesso é garantido.

E você, como gosta de saborear o queijo coalho? Fica ligado que esse será um ingrediente frequente nas receitas aqui do blog!

 

Receitinha: Queijo coalho tratado como carpaccio

  • Fatiar lâminas de 100g de queijo coalho cortando-o em discos
  • Queimar com o maçarico
  • Adicionar 20g de castanha de caju torrada, alguns tomates cerejas confit, alcaparras, pingos de mostarda Dijon e finalizar com folhas de manjericão e azeite de ervas.