
Tapioquinha de siri com suas tintas comestíveis. Prato inspirado no artista alagoano Delson Uchoa
Eu sempre tive uma ligação muito forte com a arte. A ideia de ser provocado e poder provocar outras pessoas a partir de uma criação pessoal até hoje me parece ser uma das coisas mais sublimes capazes de ser feitas pelos seres humanos.
Quando vivi em Barcelona, morei por anos a poucos minutos do Teatro-Museu Dalí, em Figueres e uma das obras/instalações – um sofá em formato de boca – me chamava especificamente a atenção e sempre que eu tinha oportunidade, voltava ao Museu para rever. Ok, agora corta pra o Brasil, Alagoas.
Ao imaginar o meu próprio negócio e buscar por aquilo que poderia ser capaz de definir o meu “DNA” na cozinha, foi inevitável o “reencontro”.
Veja bem: o Surrealismo, ao enfatizar o inconsciente das atividades criativas, demonstra uma capacidade gigantesca de pegar algo que poderia ser considerado comum e transformá-lo, provocando percepções totalmente diferentes em quem as vê sob aquela nova ótica. Foi dessa proposta que o Sur nasceu. E não só no nome. Apesar de semanticamente ele derivar de Sururu.
Meu modo de trabalhar na cozinha é unindo Gastronomia e a Arte, através de uma comida contemporânea e de fusão das raízes nordestinas e técnicas diversas. No trabalho de desconstruir e propor novos modos de perceber esses ingredientes, surgem pratos inusitados. Daí, cada prato se torna uma experiência única, justamente porque provoca sensações e reações diferentes em cada pessoa que o prova, a partir das experiências que ela mesma já carrega.
Hoje, isso tem se estendido a todos os meus restaurantes e se reflete, também, nos cardápios que assino para estabelecimentos de todo o país. É a Arte, através da Gastronomia, que me expressa, me salva e me move todos os dias.
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